Pesquisas realizadas em Reserva no interior do Amazonas beneficiam comunidades

 

Participantes do projeto (Foto: Sebastião Alves)
 

Estudantes do Ensino Médio residentes na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Juma, no município de Novo Aripuanã (distante a 225 quilômetros de Manaus) realizaram, na última semana de março, as apresentações orais do resultado de pesquisas desenvolvidas durante o segundo semestre de 2011, por meio do Programa Ciência na Escola (PCE/RDS), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).

Os projetos abordam assuntos relacionados à comunidade como a criação de hortas comunitárias para combater o desmatamento, um estudo sobre a viabilidade da castanha-do-brasil e da copaíba produzido no local e a elaboração de um catálogo sobre plantas medicinais encontradas na RDS do Juma.

 

 

 

Horta X Desmatamento 

 

O aproveitamento do espaço para evitar desmatamentos foi abordado pelo projeto ‘Implantação de horta em comunidade da RDS do Juma a partir de técnicas aprendidas na Escola Estadual J.E. Marriot Jr. para análise de organização comunitária na RDS Juma, Novo Aripuanã’, que possibilitou a implantação de hortas em três comunidades com o cultivo de couve, pepino, cheiro-verde, quiabo, feijão-verde, dentre outros produtos.

Segundo o professor e coordenador do trabalho, Thiago Régis Alves, o sucesso de manusear uma pequena área com uma alta produção possibilitou aos alunos e comunitários a viabilização da produção como fonte de alimento saudável e renda para as famílias residentes na RDS. 

“A compreensão do uso otimizado do espaço para evitar a ocupação desordenada da floresta foi um passo importante para a conscientização dos moradores locais”, destacou.

 

 

Castanha e cobaíba 

Um estudo sobre a viabilidade da castanha-do-brasil e da copaíba possibilitou a compreensão da potencialidade da geração de renda a partir destes produtos. O projeto intitulado ‘Estudo da viabilidade econômica da castanha e da copaíba nas comunidades de Santo Antônio, do Lago Tarcila e de São Francisco na RDS do Juma em Novo Aripuanã, Amazonas’ elaborou a cadeia produtiva, visando a uma produção de qualidade.    

 

Segundo o professor e coordenador da pesquisa, Nelindo Carvalho de Almeida, para alcançar esse objetivo foram necessários métodos simples como entrevistas junto aos comunitários, consultas sobre o tema em literatura especializada e à internet. “A pesquisa possibilitou aos estudantes entender o problema do extrativismo de produtos da floresta desde a coleta, passando pelas negociatas com os atravessadores, até o beneficiamento”, destacou.

Para o estudante do Ensino Fundamental, Ordomiro Batista da Fonseca, 15, a maior dificuldade foi a abordagem junto aos comunitários. “Muitos comunitários não gostavam de responder às perguntas, mas nós acreditamos no trabalho, como processo de aquisição de conhecimento e encontramos na conversa informal a melhor maneira de chegar a eles”, explicou.

 

 

 

 

Plantas medicinais em catálogo 

O terceiro projeto desenvolveu um ‘Catálogo de plantas medicinais encontradas nas comunidades de São Félix e São Francisco do Rio Arauá na RDS do Juma, Novo Aripuanã, Amazonas’. O professor e coordenador do trabalho, Rosinaldo Lima Batista, motivou a realização do projeto que identificou a utilização de  ervas como conhecimento tradicional que deve ser passado para as futuras gerações.

Para Batista, o resultado do projeto foi positivo, pois foi distribuído para as comunidades o catálogo orientando sobre a aplicação de cada erva para combater doenças como verminose, dor de cabeça, dentre outras.

Para a assessora da diretoria Técnica-Científica da FAPEAM, Irlene Arce os projetos apresentados retratam toda uma realidade das comunidades ribeirinhas. “O interesse manifestado no evento vai desde o conhecimento científico, cultural, tradicional até a viabilidade socioeconômica na RDS do Juma. Os projetos são de alta qualidade e estratégicos. São as pessoas da floresta fazendo ciência”, ressaltou.

A parceria entre a FAPEAM, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e a Secretaria de Estado de Educação do Amazonas (Seduc) se consolida a cada ano. “Na medida em que existam propostas viáveis para a realização de projetos e desde que esses tragam benefícios para as 17 comunidades existentes na RDS do Juma, com certeza o apoio da Fundação será imprescindível no desenvolvimento de uma economia sustentável nesses locais”, destacou.

A coordenadora dos Núcleos de Conservação e Sustentabilidade da FAS, Raquel Luna, considerou as apresentações de alto nível e destacou a parceria firmada entre as instituições envolvidas com vistas a facilitar o desenvolvimento de processos pedagógicos aliando o conhecimento tradicional ao conhecimento científico. 

 

Para ela, a realização dos projetos provoca nos estudantes o interesse pela ciência, para que no futuro possam ser pesquisadores e que possam atender as suas próprias necessidades.

 

“Existem pesquisadores com interesse em realizar pesquisa na Reserva, entretanto, há necessidade de formar mão de obra especializada local e apostar no potencial existente na RDS do Juma”, finalizou.

 

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